A VISÃO E A DEFICIÊNCIA
VISUAL
A visão é o mais complexo e mais precioso dos sentidos, visto
que é o canal mais importante de relacionamento do indivíduo com o mundo
exterior, pois lhe fornece, ao mesmo tempo, informações relativas à cor, forma,
distância, posicionamento de objetos e pessoas. Portanto, trata-se de um meio
de grande estímulo ao desenvolvimento integral da criança, promovendo sua
percepção do mundo, conquistando seu espaço e relacionando-se com o mesmo,
criando assim seu vocabulário corporal. Tal como a audição, que capta registros
próximos ou distantes e permite organizar, no nível cerebral, as informações
trazidas pelos outros órgãos dos sentidos.
Estudos disponibilizados pelo MEC (BRASIL, 2002) nos cadernos
Pedagógicos, sobre a deficiência visual, revelam que enxergar não é uma
habilidade inata, ou seja, ao nascer ainda não sabemos enxergar: é preciso
aprender a ver. Não é um processo consciente. Embora nem pensemos nisso,
estamos ensinando um bebê a enxergar quando, ao carrega-lo no colo vamos
mostrando-lhe o mundo, identificando objetos, pessoas, lugares.
O desenvolvimento das funções visuais ocorre nos primeiros
anos de vida. Graças a testes de acuidade visual recentemente desenvolvido,
hoje é possível fazer a avaliação funcional da visão de um recém-nascido, ainda
no berçário, o chamado teste do olhinho.
A capacidade visual do ser humano tem seu desenvolvimento
contínuo e progressivo nos primeiros anos de vida, alcançando sua plenitude em
torno dos 5 aos 6 anos. Torna-se fundamental a observação atenta das primeiras
semanas de vida do bebê, visto que cada a cada semana pode-se observar a
evolução das funções visuais.
Na segunda semana de vida, o bebê movimenta os olhos
independentemente de objetos, mas ainda é um movimento desordenado, pisca ao
estímulo luminoso e tem, nesse momento, boa visão periférica. Na terceira
semana já fixa os olhos nas coisas que o cercam. A partir da sexta semana os olhos se mexem na linha mediana do corpo
e, aos dois meses, já olha para baixo e para cima, tem fixação momentânea, há
boa coordenação dos olhos e responde efetivamente a estímulos. Aos três meses o
reflexo da visão está bem desenvolvido, segue objetos e esforça-se para manter
a imagem na área macular. Já aos quatro meses coordena os dois olhinhos, usa a
visão para localizar pessoas e objetos, associa a fixação ocular e os
movimentos das mãos. A criança deve ser estimulada a ver, a perceber diferentes
cores, luzes, detalhes nos ambientes. Além da visão, utiliza-se de todos os
outros sentidos para desvendar o mundo.
Diehl (2006, p.62) afirma que “a criança privada de
capacidade de enxergar sente curiosidade e procura satisfazê-la. Porém, em vez
de utilizar a visão sua atenção será desviada para o som, servindo-se da
audição para desvendar sua cinestesia espacial”. Sendo assim, a visão constitui
o mais importante sistema-guia do indivíduo, pois cerca de 8% das informações
nos chegam por meio dela. Assim, os cegos precisam recorrer a outros tipos de
sistemas-guia, como por exemplo, o tato, o olfato e principalmente a audição.
De acordo com Diehl (2006), quando a criança tem resquício
visual, a família e a escola devem procurar aproveitar o máximo de sua
possibilidade de percepção visual, focando sua atenção não no déficit, na perda
visual, mas nas potencialidades, buscando meios de estimulação que permitam o
desenvolvimento e a inserção produtiva na família, na escola e na sociedade.
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